Governance in agribusiness organizations: challenges in the management of rural family firms

A produção rural no Brasil sofreu um impacto competitivo significativo com a estabilização da economia promovida pelo Plano Real em 1994. De fato, a agricultura brasileira obteve ganhos de eficiência em termos de tecnologia, economias de escala e modernização geral da atividade no campo. Nesse contexto, a gestão profissional da produção rural evoluiu. No entanto, o processo de governança não evolui na mesma dimensão, e o “risco de governança” ainda é pouco abordado no meio rural, o que muitas vezes limita o potencial das operações. Neste estudo, buscamos aprofundar a compreensão dos fatores que impactam a implementação de práticas de governança em propriedades rurais no Brasil. Com base em uma amostra de conveniência e não probabilística, este estudo busca entender a evolução do processo de governança nas fazendas e sua correlação com as práticas de gestão. Este estudo encontrou uma correlação entre a existência de alguns processos formais de gestão (por exemplo, planejamento estratégico e sistemas contábeis mais robustos) e os avanços nos mecanismos e processos de governança, como o estabelecimento de um conselho de administração, regras mais claras em relação à separação entre ativos corporativos e familiares e mais transparência nas demonstrações de resultados. Este estudo também constatou uma falta de clareza na separação do retorno sobre o capital (dividendo) e da remuneração pelo trabalho (remuneração pelos serviços prestados) para sócios, herdeiros e outros membros da família. Em resumo, concluímos que há a adoção de alguns mecanismos de governança no setor rural, mas eles ainda são pouco desenvolvidos entre os produtores rurais, daí a necessidade de estimulá-los.